
Conta um velho sábio que há muitos anos, pelos confins da Índia morava um jovem casal, recém casados, na mais perfeita alegria.
A jovem era bonita e sabia bem os serviços do lar.
O jovem, muito esforçado e dedicado, trabalhava na agricultura de arroz.
Como presente de tal união feliz, o jovem casal foi recompensado com um filho. Esse filho era forte, bonito e alegre. Era a felicidade do casal.
Certa vez, ao sair de madrugada para o trabalho, o jovem marido sentiu uma brisa diferente e fria demais... Olhou para o céu e viu que a noite estava tranqüila... Então, pôs-se a caminhar pelas colinas da região. De repente um susto enorme. O frio gelou-lhe o coração. Uma criatura terrível tinha lhe aparecido com o seu aspecto fatal e temível: A MORTE.
Ninguém podia olhar para tal criatura sem sentir um pavor sem limites.
E tremendo de medo o jovem marido indagou:
- Onde vais, óh cruel e terrível MORTE ?
E a morte lhe respondeu:
- Para sua casa. É chegada a hora de eu levar a sua mulher.
O jovem marido empalideceu. Lembrou num só momento de todos os momentos felizes que havia passado com sua esposa. A idéia de ter que perde-la era insuportável. Ele a amava demais para tal perda. Então disse para a MORTE:
- Óh, MORTE terrível... Quantos anos restam de minha vida ?
- A você restam 40 anos de vida. - respondeu-lhe a MORTE.
Então, o jovem marido disse-lhe novamente:
- Quero fazer um trato contigo. Dou vinte anos de minha vida à minha esposa. Assim viveremos juntos e na mais perfeita felicidade os vinte anos juntos. Quando ela morrer, morrerei também.
A MORTE aceitou o trato do jovem marido e se retirou. No mesmo instante, aquele vento gélido que envolvia a madrugada cessou. O sol começou a raiar no horizonte e o dia clareou.
Contente com o fato de ter livrado sua mulher da morte, o jovem marido foi trabalhar contente.
Daquele dia em diante o jovem marido passou a chamar sua jovem esposa de Ti-long-li, que em hindu quer dizer MINHA VIDA QUERIDA, pois agora ela era realmente a vida que ele tinha dado a ela.
E assim, passou o tempo e ambos viveram na mais perfeita harmonia, até que depois de três anos o seu filho foi acometido de uma doença grave. Doía-lhe o peito, a cabeça e a febre era constante. O jovem casal não sabia mais o que fazer para recuperar a saúde do menino. E isso lhes traziam um sofrimento sem igual.
Repentinamente e sem qualquer explicação aparente, o menino começou a melhorar de saúde. Foi nesta madrugada que o jovem marido não podendo conter-se em felicidade, saiu para trabalhar cantando uma antiga canção hindu.
Já estava no meio do caminho quando de repente... aquela terrível brisa gélida... O jovem olha para os lados e encontra novamente a inoportuna: A MORTE.
Grita-lhe então o jovem marido:
- Óh, MORTE cruel e medonha... Qual casa terá a infeliz visita de sua presença?
- Vou na sua casa. - responde-lhe a MORTE.
- Mas meu filho já está se curando de sua doença... por favor não leve ele, pois é a nossa felicidade. - implorou-lhe o jovem pai.
- Não é seu filho que venho buscar, mas sua mulher. - respondeu-lhe a MORTE.
O jovem ficou furioso... e gritou inconformado:
- Óh, MORTE tratante... tu és infiel à promessa que faz... És traidora e indigna de confiança. Não fizemos um trato ? Eu e minha esposa Ti-long-li (minha vida querida) não viveremos vinte anos ? Como podes agora, óh MORTE terrível, descumprir nosso trato e eu perder minha esposa Ti-long-li (minha vida querida) ?
Então a MORTE lhe respondeu:
- Eu vinha buscar teu filho, em razão da grave doença que tinha, porém ao chegar na sua casa, tua mulher chorou e implorou que eu não o levasse. A doença era muito grave, seu filho não tinha cura... E com isso não iria escapar de minha visita. A sua mulher desesperada resolveu então dar ao seu filho os anos que restavam de sua vida. Você deu à sua mulher metade dos anos que lhe restavam, porém a sua mulher deu ao seu filho todos os anos de sua vida. Assim o seu filho melhorou de saúde e viverá, mas sua mulher dando todos os anos de vida que lhe restavam terá que partir comigo. Você deu à sua mulher apenas a metade de sua vida, a sua mulher deu ao seu filho a vida inteira.
Autor: Malba Tahan
A jovem era bonita e sabia bem os serviços do lar.
O jovem, muito esforçado e dedicado, trabalhava na agricultura de arroz.
Como presente de tal união feliz, o jovem casal foi recompensado com um filho. Esse filho era forte, bonito e alegre. Era a felicidade do casal.
Certa vez, ao sair de madrugada para o trabalho, o jovem marido sentiu uma brisa diferente e fria demais... Olhou para o céu e viu que a noite estava tranqüila... Então, pôs-se a caminhar pelas colinas da região. De repente um susto enorme. O frio gelou-lhe o coração. Uma criatura terrível tinha lhe aparecido com o seu aspecto fatal e temível: A MORTE.
Ninguém podia olhar para tal criatura sem sentir um pavor sem limites.
E tremendo de medo o jovem marido indagou:
- Onde vais, óh cruel e terrível MORTE ?
E a morte lhe respondeu:
- Para sua casa. É chegada a hora de eu levar a sua mulher.
O jovem marido empalideceu. Lembrou num só momento de todos os momentos felizes que havia passado com sua esposa. A idéia de ter que perde-la era insuportável. Ele a amava demais para tal perda. Então disse para a MORTE:
- Óh, MORTE terrível... Quantos anos restam de minha vida ?
- A você restam 40 anos de vida. - respondeu-lhe a MORTE.
Então, o jovem marido disse-lhe novamente:
- Quero fazer um trato contigo. Dou vinte anos de minha vida à minha esposa. Assim viveremos juntos e na mais perfeita felicidade os vinte anos juntos. Quando ela morrer, morrerei também.
A MORTE aceitou o trato do jovem marido e se retirou. No mesmo instante, aquele vento gélido que envolvia a madrugada cessou. O sol começou a raiar no horizonte e o dia clareou.
Contente com o fato de ter livrado sua mulher da morte, o jovem marido foi trabalhar contente.
Daquele dia em diante o jovem marido passou a chamar sua jovem esposa de Ti-long-li, que em hindu quer dizer MINHA VIDA QUERIDA, pois agora ela era realmente a vida que ele tinha dado a ela.
E assim, passou o tempo e ambos viveram na mais perfeita harmonia, até que depois de três anos o seu filho foi acometido de uma doença grave. Doía-lhe o peito, a cabeça e a febre era constante. O jovem casal não sabia mais o que fazer para recuperar a saúde do menino. E isso lhes traziam um sofrimento sem igual.
Repentinamente e sem qualquer explicação aparente, o menino começou a melhorar de saúde. Foi nesta madrugada que o jovem marido não podendo conter-se em felicidade, saiu para trabalhar cantando uma antiga canção hindu.
Já estava no meio do caminho quando de repente... aquela terrível brisa gélida... O jovem olha para os lados e encontra novamente a inoportuna: A MORTE.
Grita-lhe então o jovem marido:
- Óh, MORTE cruel e medonha... Qual casa terá a infeliz visita de sua presença?
- Vou na sua casa. - responde-lhe a MORTE.
- Mas meu filho já está se curando de sua doença... por favor não leve ele, pois é a nossa felicidade. - implorou-lhe o jovem pai.
- Não é seu filho que venho buscar, mas sua mulher. - respondeu-lhe a MORTE.
O jovem ficou furioso... e gritou inconformado:
- Óh, MORTE tratante... tu és infiel à promessa que faz... És traidora e indigna de confiança. Não fizemos um trato ? Eu e minha esposa Ti-long-li (minha vida querida) não viveremos vinte anos ? Como podes agora, óh MORTE terrível, descumprir nosso trato e eu perder minha esposa Ti-long-li (minha vida querida) ?
Então a MORTE lhe respondeu:
- Eu vinha buscar teu filho, em razão da grave doença que tinha, porém ao chegar na sua casa, tua mulher chorou e implorou que eu não o levasse. A doença era muito grave, seu filho não tinha cura... E com isso não iria escapar de minha visita. A sua mulher desesperada resolveu então dar ao seu filho os anos que restavam de sua vida. Você deu à sua mulher metade dos anos que lhe restavam, porém a sua mulher deu ao seu filho todos os anos de sua vida. Assim o seu filho melhorou de saúde e viverá, mas sua mulher dando todos os anos de vida que lhe restavam terá que partir comigo. Você deu à sua mulher apenas a metade de sua vida, a sua mulher deu ao seu filho a vida inteira.
Autor: Malba Tahan