A constante procura de jovens por questões de namoros e relacionamentos, sob a luz da DOUTRINA TRADICIONAL da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, nos levaram a criar este Blog. Embora o título do Blog seja JOVENS E NAMOROS, ele se destina a todas as pessoas, sejam JOVENS OU ADULTOS. Que Nossa Senhora nos ajude a levar orientação a todos os que procuram uma vida santa e de conformidade com os mandamentos da Lei de Deus e da Santa Igreja.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Encontro no Trem


Ela tinha um sorriso enigmático, eu era jovem e despreocupado - e o mundo estava cheio de oportunidades.

A primeira vez que a vi, na estação de St. Margrethen, ela subia no vagão empurrando com o joelho uma enorme mala de couro marrom. Vestia uma blusa verde-vivo, com as mangas arregaçadas. Olhos escuros, cabelos escuros, pele morena, jovem e misteriosa.

Depois de despejar o pesado fardo na rede das bagagens, atirou-se em cima de um dos assentos, do outro lado do corredor, de frente para mim, transpirando serenamente. Depois, o trem prateado, de ar climatizado, prosseguiu a sua viajem de cinco horas rumo ao Ocidente, através da Suíça.

Regatos alpinos murmuravam com as águas do degelo e os campos estavam deslumbrantes de papoulas porque era o mês de maio. A principio, tentei dormir um pouco e depois puxar conversa com o passageiro do lado. Sem sucesso. Foi então que voltei a reparar nela. Levava no colo um molho de flores silvestres e, aparentemente, ia pensando na pessoa que o tinha presenteado. Mudei de lugar e sentei-me na frente dela.

- Como é que se chamam essas flores? - perguntei-lhe em alemão.

Recebi um sorriso por resposta.

“Ah”, pensei eu, “não é alemã. Deve ser italiana, claro.”

Debrucei-me para frente e elaborei outra pergunta sobre “i fiori” (as flores). Ela continuou a não me responder. O pensamento de que seria muda cruzou-me o espírito, mas pu-lo imediatamente de parte. Uma vez que nos encontrávamos na Suíça, só havia uma hipótese: era francesa. A resposta, como anteriormente, foi um sorriso.

Encostei-me para traz, devolvi-lhe o sorriso e tentei arvorar um ar misterioso - tarefa voltada ao fracasso, tendo em conta a forma como eu estava vestido, de chapéu de pescador, camiseta vermelha de mangas compridas, calça de risquinhas cor de mostarda e sapatos de couro. Estava quase desistindo quando a moça misteriosa falou:

- “Habla español ?” - perguntou-me ela.

Como é que eu não tinha ma lembrado disso! Era espanhola!
Com os circuitos todos a entrarem em ação, pus-me a remexer furiosamente na minha bolsa à procura de um dicionário espanhol. Vim a saber que ela era solteira, trabalhava num lar de idosos em Altstutten e que ia para a Espanha visitar a família.
Também era pouco versada nos costumes e pronúncias próprios de cada país, por que a princípio me tomou por inglês, e depois por alemão...

Do que falamos concretamente não consigo me lembrar, mas o dia passou voando. Nem queria pensar na chegada em Genebra, onde teríamos que nos separar, mas o fato é que chegamos lá no fim do dia. Passeamos um pouco pelas belas ruas da cidade, saboreamos um café num restaurante ao ar livre, vimos as vitrines ao fim da tarde e preenchemos nossas conversas com risadas. Quando meu trem chegou, dissemos adeus com relutância; mas ela tinha a família à espera do outro lado dos Pirineus, e a minha agenda me obrigava a ir à Itália antes de voltar para casa. Trocamos nossos endereços. Depois subi no trem e parti.

Passou-se algum tempo... e hoje recordo os pormenores daquele dia de primavera... Minha mulher adora ouvir essa história, especialmente a parte que, no ano seguinte, aquela moça deixou a Suíça para se casar comigo, apesar da maneira como eu estava vestido...

(Conto extraído da Revista Seleções do Reader Digest, desconheço o número da edição e o autor)

(OBS: As fotos anteriores foram removidas, sendo substituidas por estas que estão nesta postagem - são fotos retiradas da internet, desconheço o seu autor)

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