A constante procura de jovens por questões de namoros e relacionamentos, sob a luz da DOUTRINA TRADICIONAL da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, nos levaram a criar este Blog. Embora o título do Blog seja JOVENS E NAMOROS, ele se destina a todas as pessoas, sejam JOVENS OU ADULTOS. Que Nossa Senhora nos ajude a levar orientação a todos os que procuram uma vida santa e de conformidade com os mandamentos da Lei de Deus e da Santa Igreja.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Preparação para o Matrimônio – Parte 2


Princípios fundamentais que deve ter em conta a moça que deseja contrair núpcias.

Antes de tudo, cumpre examinar se realmente foste chamada para tal estado, se estás em condição de cuidar de uma família e fazê-la feliz. Se não tens saúde, ou se teu noivo goza de saúde tão precária, que possas prever uma viuvez precoce, é sinal evidente que não deves contrair núpcias. O mesmo se diga, se ele estiver gravemente onerado por motivo de herança, ou se por outra razão qualquer não puder prover a subsistência de uma família; será então culpa grave o contraíres núpcias.

Atendendo-se ás circunstâncias da morte de um dos pais, tendo ainda irmãos menores para educar torna-se até dever para a moça protelar o casamento, porque neste caso não poderia ela abandonar sua família deixando-a na miséria. Se, todavia, depois de acurado exame, pensas que deves abraçar o estado matrimonial, sê antes de tudo prudente na escolha da pessoa com quem pretendes casar. Não te induza, exclusivamente, a riqueza ou qualidades corporais. Podem tais cálculos interessar-te algum tanto, mas não sejam razões decisivas para ti. Analisa as qualidades de espírito do teu pretendente, antes da escolha definitiva.

Não ofereças tua mão a um jovem, que não sabe honrar os seus pais, e os trata mal; podes aderir que ele, ao depois, fará o mesmo ou talvez pior ainda contigo... Não ofereças tampouco a mão a um indivíduo grosseiro, arrebatado e incivil, que em qualquer ocorrência se deixa dominar pela cólera. Apenas houverem passado as primeiras semanas do teu casamento, terás que derramar lágrimas amargas porque deverás suportar diariamente o seu temperamento forte e impetuoso.

Não contraias matrimônio com quem é amigo da taberna e tem o vício da embriagues. Não tardarás muito a sofrer aflições sobre aflições, e por fim te acharás com toda a família em estado de necessidade e miséria, de tal modo que deverás viver na indigência com teus filhos, e padecer fome, enquanto o teu leviano marido, num absoluto desprezo dos seus deveres, sacrificará à sua paixão o dinheiro que ganhar. Não suponhas, agora, que mais tarde farás dele um homem bom e morigerado. Milhares e milhares assim pensaram no período do noivado, mas viram, dentro em breve quão grande fora o seu engano. Ao invés, da felicidade que esperavam, só tiveram depois cruz e desgraça.

Cuida também que o homem com quem desejas contrair matrimônio, pertença a uma boa família cristã. Os pais comunicam ao filho seu caráter, transmitem-lhe determinada inclinação moral, à guisa da herança para a vida. É, portanto, grande felicidade descender de uma família virtuosa, deveras cristã, ao passo que é grande desdita ter nascido de uma família sem moral e sem religião. É verdade que no segundo caso ainda pode o filho ser bom, mas isto, de ordinário, é coisa sobremodo difícil e só possível a custa de muitos sacrifícios.

Além disso, atenta em que o jovem com quem pretendes unir-te por toda a vida, professe praticamente o catolicismo. Mais tarde, com o volver dos anos, a religião o enobrecerá cada vez mais, lhe dará força e vigor para cumprir com fidelidade os seus deveres para contigo, para com a família e para com seus filhos. Nos dias sombrios como nos dias radiantes, na desgraça como na felicidade, estará ao teu lado como fiel esposo. Se, teu noivo não tiver religião, for um cético, atacar e desprezar os dogmas e a doutrina da Igreja, tomar atitude de ateu, não poderá de forma alguma tornar-se, um marido fiel e pai amoroso. Quem não é fiel ao seu Deus que está no Céu, dificilmente o será ao próximo, na terra. Quantas vezes não profana um homem desses o sagrado juramento de fidelidade que, num momento solene fez à sua esposa.

Friamente, poderá causar-lhe as mais amargas tristezas. Não contraias casamento misto! A nossa Santa Igreja apenas tolera tais casamentos com extrema relutância, ainda mesmo quando é garantida a educação católica da prole. Fez no correr dos séculos inúmeras experiências desastrosas a este respeito. Não há dúvida que também há em outras religiões homens muito bons. Entretanto, prescindindo das raras e isoladas exceções, nos casamentos mistos, conforme os testemunhos infalíveis da experiência quotidiana, existe para a parte católica e para os filhos, o perigo realmente grave da insensibilidade religiosa e do indiferentismo.

As relações familiares também exigem, como é natural, entre casados, união de pontos de vistas e correspondência na prática da religião. Se assim não for, haverá entre os cônjuges uma tal ou qual disparidade, que não permitirá se estabeleça entre eles verdadeira harmonia interna e felicidade completa.

Uma distinta dama, que também se unira em casamento misto, mas que levava uma vida piedosa, disse certa vez a um sacerdote católico: “Ah! Quanta razão tem a Igreja de proibir os casamentos mistos, e como seria para desejar que ninguém, os contraísse, pois, ainda os melhores, não valem nada. Externamente considerado, o meu casamento pode incluir-se entre os mais felizes deste mundo, mas o pensar que o meu esposo, quanto à religião, segue assunto sobremodo importante não nos compreendemos, é o verme que causa à morte de minha felicidade, cujas picadas sinto todos os dias, mas principalmente nas festas, quando o coração católico pulsa com sentida emoção.”

Talvez penses: não obstante, a Igreja concede a dispensa. É verdade, mas concede-a profundamente contrariada e só depois de assegurada a garantia para o livre exercício da religião à parte católica e para a educação de todos os filhos. Com isso, não aprova de modo algum os casamentos mistos: tolera-os apenas, para evitar males maiores: Tampouco assume a Igreja qualquer responsabilidade pelos efeitos funestos, os quais recaem com todo o seu peso sobre os que contraírem casamento misto. Acautela-te, pois, jovem cristã, e de modo nenhum consistas num casamento misto, cujas conseqüências serão por via de regra muito más e muito tristes.

Se acertaste numa boa escolha, cuida antes do mais que tuas relações com o noivo, durante o noivado sejam puras, honestas, castas e virtuosas. Não consistas jamais em liberdade indecorosas. A fim de prevenir-te neste particular, contra todo o perigo, evita qualquer encontro a sós, inútil e prolongado, com o teu noivo.

Um noivado casto e digno assegurar-te-á as bênçãos de Deus para um casamento feliz. Quando chegar a hora, do passo decisivo, toma ainda mais a sério o que se relaciona com tua vida religiosa. Aproxima-te mais amiúde dos Santos Sacramentos, reza mais vezes e com mais fervor do que antes, e recomenda também freqüentemente, na Santa Missa, ao amoroso Salvador, os teus interesses. Poderia aconselhar-te a fazeres de quando em quando alguma obra de misericórdia cristã, a fim de granjeares por este meio a benção de Deus sobre a tua futura vida conjugal. Algumas semanas antes do casamento, faze uma boa confissão geral e no dia das núpcias, recebe com grande piedade a sagrada Comunhão. Se seguires estes conselhos, poderás esperar que também o Divino Salvador tomará parte em teu casamento, para abençoar a ti e ao teu esposo.

Fonte: A donzela Cristã, Pe. Matias Bremscheid. Ed. Paulinas, 1932

Postagem feita pelo Blog Cantinho de Lissah:
http://cantinhodalissah.blogspot.com/2010/12/preparacao-para-o-matrimonio-ii.html

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Preparação para o Matrimônio - Parte 1



A elevada significação do casamento é por mais olvidada em nossos dias.
Grande número dos casamentos modernos são apenas fruto da irreflexão e fascinação. Este desprezo do casamento constitui a causa precípua do mal que enferma o nosso século. Oxalá consiga a nossa juventude ter de novo em lato apreço o matrimônio, na sublime significação, e possam principalmente, as que foram chamadas por Deus a esse estado, abraçá-lo depois de uma boa preparação e com os melhores propósitos.

1º – O casamento tem alta significação para a moça que o contrai.

A sua felicidade futura não depende deste passo? Ofereça ela (donzela cristã) a sua mão a um jovem bom e digno, que lhe convenha; dedique-lhe amor fiel para fusão das suas vidas; viva com ele em paz e harmonia. E não se dirá então que ela é realmente feliz?

Em tal casamento, cada um dulcifica a vida do outro; auxiliam-se e sustentam-se mutuamente; a alegria duplica-se e eleva-se pela correspondência; carrega-se a cruz mais facilmente, e as amarguras da vida perdem a sua aspereza e seus espinhos.
E quanto não lucra, às vezes, uma mulher em beleza de caráter, em nobreza de
sentimentos, em fineza de fé e religiosidade, mercê da convivência de longos anos com um marido virtuoso e excelente? Portanto, para uma moça, que não foi chamada por Deus ao santo estado religioso, é uma grande graça e alta felicidade, unir-se em matrimônio com um jovem excelente. Pelo contrário, se o casamento, não conseguir a fusão completa do corpo e do espírito já não proporcionará felicidade à mulher. Ainda que a casa onde reside seja um palácio suntuoso; embora seja distinta e influente a posição que ela ocupa na sociedade, não se sentirá, deveras, feliz e contente; a despeito do brilho da sua situação externa, a vida lhe será um fardo opressivo.

E não ensina tantas vezes a experiência que a fé e a virtude da mulher facilmente sofrem grande abalo num casamento infeliz, e que, portanto, há fundadas razões de se recear pela salvação de sua alma? Mas não é só para os cônjuges em particular que tem o casamento uma alta significação; sua importância estende-se muito além. O casamento exerce incalculável influxo sobre todas as demais relações humanas. É uma instituição, em cuja força se apóiam todas as outras confederações, sociedades e organizações. Não excetuo nem o próprio sacerdócio católico, ao qual a nossa santa Igreja muito
sabiamente e por motivos poderosos proíbe o matrimônio, pois não será o Sacerdócio o sal preservativo e eficaz, nem a luz da terra que difunde a vida, se não prezar a castidade virginal. Se o casamento cristão for bom e feliz a sociedade também levantará seu nível moral, pois o casamento, a família, constitui a base da vida social.

Um rio deslizará sereno e límpido pela planície, se as fortes e os afluentes lhe levarem água tranqüila e clara. Se a criança encontrar no santuário da família exemplos edificantes e receber uma educação cristã, desenvolver-se-á nela o sentimento para o bem e para o nobre; ela aprenderá a repelir tudo que for mau, imoral e vulgar; levará, consigo, este bom espírito para a vida, e guiada por ele procurará cumprir conscientemente os seus deveres em qualquer situação que se encontre. Assim também os bons casamentos e as boas famílias serão o sustentáculo e o apoio da ordem moral e social. Se, pelo contrário, os casamentos e as famílias forem anticristãos, será isto indizível mal para a sociedade, para o estado e para a Igreja. Pouco afeta à sociedade que a desdita e a perdição lhe venha de fora, pois ela traz, em si mesma, no seu próprio seio, o pior inimigo, o mais venenoso germe da perdição, que a reduz ao extremo: no casamento profanado e na família sem Deus.

A história dos povos e nações o tem testemunhado, mais de uma vez. Como poderia ser de outro modo? Como pode deixar o rio de ser lodoso e turvo, de ultrapassar com devastadora violência as suas margens, se as nascentes são turvas e só lhe fornecem águas turvas e impetuosas? Sim, o matrimônio e a família têm uma importância que não poderá suficientemente apreciar. Surge, pois para a moça que tenciona casar a importante pergunta: o que há de observar, a fim de contrair um matrimônio bom e feliz?

Fonte: A donzela Cristã, Pe. Matias de Bremscheid. Ed. Paulinas: 1932

Postagem feita pelo Blog Cantinho de Lissah:

Noite de núpcias


Esse é o momento mais esperado pelo casal que teve um namoro santo, é o momento em que ambos se tornarão uma só carne. Mas muitas vezes não nos damos conta que esse momento também é um momento santo, e cometemos um pequeno erro: temos nossa noite de núpcias em hotéis e pousadas, que muitas vezes foram palco de traições, prostituições, homossexualismo e muitas outras profanações.

Bem, esse é um momento em que homem e mulher se fazem um só pela graça do Espírito Santo. Você homem, gostaria que sua esposa, futura mãe de seus filhos e rainha do seu lar, se deite numa cama em que já se deitaram homem com homem, mulher com mulher, homem com outra mulher que não sua esposa? Você mulher, gostaria que seu marido, futuro pai de seus filhos e protetor do seu lar, se deite numa cama que se tornou local de profanações? Será esse o melhor jeito de começar a sua vida de casados?

Sei que este momento é muito especial e queremos fazer alguma coisa diferente, mas por que não fazer diferente no lar de vocês?
Vocês podem decorar o quarto com flores, luzes coloridas, coraçõezinhos. Com criatividade e carinho vocês podem criar um ambiente romântico, aconchegante e acima de tudo honrado (livre de profanações) e abençoado por Deus, como deve ser o lar de vocês que está começando a ser construído.

postagem do cantinho da Lissah:
http://cantinhodalissah.blogspot.com/2010/11/noite-de-nupcias.html

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A árvore da vida


Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro.A todas elas chamamos de amigo.Há muitos tipos de amigos.Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles.

O primeiro que nasce do broto é o amigo pai e o amigo mãe. Mostram o que é ter vida.

Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós.

Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e desejamos o bem.

Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho. Muitos desses denominados amigos do peito, do coração. São sinceros, são verdadeiros. Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz felizes…

Às vezes um desses amigos do peito estala o nosso coração e então é chamado de amigo namorado. Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.

Mas também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias, ou mesmo um dia ou uma hora. Esses costumam colocar muitos sorrisos na nossa face, durante o tempo em que estamos por perto.

Falando em perto, não podemos esquecer dos amigos distantes.Aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas que quando o vento sopra, sempre aparecem novamente, entre uma folha e outra.

O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima, e perdemos algumas de nossas folhas.

Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações. Mas o que nos deixa mais felizes, é que as que caíram continuam por perto,continuam alimentando a nossa raiz com alegria. Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam o nosso caminho.

Desejo a você, folha da minha árvore, Paz, Amor, Luz, Sucesso, Saúde, Prosperidade… Hoje e sempre… simplesmente porque:

“cada pessoa que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Há os que levaram muito. Há os que não deixaram nada.Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso.”

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Sacramento do Matrimônio — Parte 3


Encerramos com este texto a série a respeito do matrimônio. O autor* conclui indicando o verdadeiro amor que deve sustentar e fortalecer os cônjuges

O amor que une os dois cônjuges pode ser tríplice: sensual, natural e sobrenatural. Também o amor sensual é incutido por Deus e o Espírito Santo nos homens, com a constituição das qualidades físicas e naturais, a fim de conduzi-los ao matrimônio. Sem esse amor sensual, os homens todos já teriam desaparecido da face da Terra, por motivos de comodidade.

O Criador pôs nos homens o instinto sexual, que podemos chamar amor sensual. Mas este só merece o título de amor se for dirigido, como o amor de Deus, para a doação da vida a serviço do Criador.

Por meio desse instinto o homem tornar-se-á um instrumento do “Espírito Criador”, do qual vem toda a vida. Então os cônjuges, por esse amor, entrarão em íntima relação com o divino Espírito Santo.

Entretanto, se tal amor sensual não cooperar na obra criadora do Espírito Santo, se o homem tão-somente desejar gozar os prazeres sensuais, não merece ele o nome de amor: é egoísmo sensual, que contradiz diretamente a essência do divino Espírito Santo.

A segunda espécie de amor é o amor natural, que faz com que os cônjuges se comprazam mutuamente em virtude de seus dotes naturais. Assim, por exemplo, o marido ama a esposa por causa de sua graça, mansidão, modéstia, espírito ativo e econômico e outras virtudes naturais. Todos estes predicados bons são também dádivas do divino Espírito Santo, com as quais condecorou o homem, estimulou e fortaleceu a sua vontade, para aperfeiçoá-las.

Entretanto, o amor próprio desempenha um papel muito grande. Um cônjuge ama o outro, digamos, por causa de seus bons predicados, porque deles tira grandes vantagens para si mesmo.

Portanto a dádiva preciosíssima e por excelência do Espírito Santo é o amor sobrenatural. Ele existe quando os esposos se amam reciprocamente como criaturas de Deus, como portadores de uma alma imortal, como templos vivos do divino Espírito Santo, para cujo adorno se esforçam mutuamente. Este amor é de igual modo amor de sacrifício, que sempre quer beneficiar o outro, sempre cultivá-lo, mesmo com prejuízo dos próprios interesses.

Se uma moça dá sua mão a um rapaz só para tirar daí bom proveito, o que os une é o amor próprio, o egoísmo, e portanto é lançado desde já o germe de um casamento infeliz, privado de todo amor sobrenatural. E quando um rapaz contrai núpcias só para tornar mais fácil e agradável a existência terrena, esse motivo para o casamento não pode proceder do Espírito Santo.

O amor sobrenatural não indaga “o que tenho eu a receber da outra parte?”; mas sim “o que sou eu para a outra parte?”. Não procura o que é seu. Seu fito é fazer felizes os outros, e não tornar-se feliz à custa dos outros. Esse amor desinteressado, abnegado, que só por último pensa em si, é que vem do Espírito Santo, cuja natureza toda é comunicação, doação, bênção e enriquecimento.

O amor sobrenatural é, outrossim, o regulador do amor sensual, que facilmente ultrapassa os limites postos por Deus. O amor sensual será dominado, refreado, contribuindo assim para o amor à virtude.

Embora o amor sensual entre os cônjuges seja consentido por Deus, embora o amor natural possa ser bom, são entretanto ambos inconstantes e sujeitos à languidez, e por isso não podem formar o vínculo seguro e indestrutível que prende dois corações até a morte.

Além disso, ambas as espécies de amor extinguem-se, seja pelo desaparecimento da mocidade ou por uma enfermidade grande. Também as boas qualidades naturais são obscurecidas pelos defeitos que cada homem possui. Portanto, é mal colocado um casamento que se baseia unicamente sobre estas espécies de amor.

Inquebrantável é tão somente o vínculo do amor sobrenatural, que procede do coração do divino Espírito Santo. Por meio dele os dois cônjuges tornam-se não somente “uma só carne”, mas “um só coração e uma só alma”.
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* Pe. Agostinho Kinscher, Ao Deus Desconhecido, Editora Mensageiro da Fé, Salvador, 1943, pp. 134 e ss.

(Revista Catolicismo – janeiro de 2011)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um exemplo para todos nós



Louis José Aloyles Estanislau Martin era um homem muito religioso. Queria ingressar num mosteiro que fosse bem austero, mas não foi aceito pelos religiosos que viam nele uma outra vocação.

Zélia Maria Guerin também era uma pessoa de muita religiosidade e seu sonho era ser freira. Fez algumas tentativas de entrar num convento, mas as freiras se reuniram e recusaram o seu ingresso. Não por que ela não era digna de entrar na ordem, mas rezando e implorando a Sabedoria Divina, acharam que a vocação dela era outra.

Ingressar numa ordem religiosa é assunto sério. É preciso ter vocação mesmo. Mas Deus orienta os passos de quem Ele ama.

Consultando sobre a vida religiosa, ambos foram desaconselhados por seus orientadores espirituais de ingressar numa ordem. Assim, lhes aconselharam a buscar o matrimônio.

Zélia pensou então: “Já que não vou ser freira, terei que arranjar um emprego para me sustentar.” E assim fez continuando sua vida normalmente.

Foi numa dessas surpresas que a vida nos reserva que se encontraram Louis e Zélia. Ficaram amigos, depois namoraram e finalmente se casaram.

Dificil entender os desígnios da providência.

Louis e Zélia viveram os aspectos da vida cotidiana de uma família do século XIX. Enfrentaram as preocupaçoes e incertezas. Os dois traziam uma preocupação particular em exercer a justiça e o respeito com todos; sem esquecer a ajuda que prestavam aos mais pobres.

Conheceram a enfermidade: Zélia sofreu de câncer e Louis anos depois teve uma enfermidade cerebral que o levou à ser hospitalizado em hospital psiquiátrico. Também não lhe faltaram as dificuldades para educar os filhos.

Mas antes de Louis ficar doente, teve uma dor muito profunda pela perca de sua esposa. Suas filhas todas entraram para a vida religiosa. Uma de suas filhas foi Santa Teresinha do Menino Jesus.

Quando a mãe, a boa Zélia Maria, faleceu, Santa Teresinha contava com quatro anos de idade e, embora em tenra idade, sofreu grande choque.

Seu pai Louis Martin então se mudou para Lisieux, nos Buissonnets, perto da farmácia do cunhado Guérin. Morta a mãe, Teresinha viu-se rodeada pela ternura do pai e das irmãs.

Todas suas filhas seguiram a vida religiosa, porém dolorida foi a despedida de Santa Teresinha. Aos quinze anos de idade na porta do carmelo, abraçou seu pai, disse adeus e as portas do Carmelo se fecharam para sempre...

Depois de alguns anos o pai Louis começou a ficar doente. Um tempo de sofrimento, e com o agravamento da doença acabou falecendo.

Santa Teresinha morreu aos 24 anos e é Doutora da Igreja. Numa de suas cartas, ela testemunhou a santidade de seus pais:

“O bom Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do céu que da terra”.

Não era em vão o que Santa Teresinha havia dito, pois os seus pais foram Beatificados pela Igreja e não tardará que cheguem à honra dos altares.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Sacramento do Matrimônio - Parte 2



No trecho anterior o autor* trata do problema de casamentos infelizes, pelo fato de os cônjuges não terem em vista a assistência do Espírito Santo. Neste tópico ele aponta uma solução.

O Espírito Santo é o Espírito do Conselho e do Entendimento, que aclara a inteligência dos jovens obscurecida pela sensualidade. Como Espírito do Conselho, pode mostrar-lhes se a união deles vem de Deus ou do demônio. E se for consultado seriamente como Espírito da fortaleza, dispensará também força para se refrear a indomabilidade da carne e impedir uma união baseada unicamente sobre ela. Se o divino Espírito Santo for invocado fervorosamente pelos noivos, convencê-los-á de que o conhecimento da doutrina de Deus e de seus Mandamentos constitui a maior sabedoria.

O Espírito da Piedade deve ainda compenetrar as duas pessoas da mesma fé, em que se fundem para a finalidade comum da virtude. Só assim seguirão seu rumo final e eterno.

O amor de Deus que fortifica o matrimônio

Se todos os homens devem ser devotos do divino Espírito Santo, com muito mais razão aqueles que querem contrair união matrimonial. O homem pode confiar pouco sobre o seu simples juízo natural, pois o laço matrimonial deve durar e perpetuar-se até a morte, conforme a vontade de Deus, mas nenhum vínculo meramente natural prende os corações por tanto tempo. Então a força e a graça do divino Espírito Santo devem corroborar o laço matrimonial.

Qual é o nome desse laço? Um nome curto e aparentemente simples, entretanto tão significativo como o próprio Deus: amor. É a palavra com que o Apóstolo denominou a essência de Deus: "Deus é amor".

Para os teólogos, é quase impossível dizer o que Deus é. Mas a palavra que mais se aproxima da natureza de Deus é a palavra amor. E esta palavra, que nos dá melhor o conhecimento de Deus, é o nome para o vínculo que no matrimônio funde dois corações em um só.

No entanto, é justamente na união matrimonial que essa palavra é muitas vezes desvirtuada, despojada de seu conteúdo de ouro.
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* Pe. Agostinho Kinscher, Ao Deus Desconhecido, Editora Mensageiro da Fé, Salvador, 1943, pp. 134 e ss.
(Revista Catolicismo – novembro de 2010)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Pastorzinho Adormecido


Vencido pela fadiga, o pobre pastorzinho deitou-se à sombra de uma grande árvore, à margem da estrada, e dormiu placidamente. Era um adolescente.

Passou pela grande estrada o Rei com sua corte, de guardas, nobres e cavaleiros. Ao avistar, pois, o jovem pastorzinho, o Rei parou e dirigindo-se ao oficial que acompanhava, disse-lhe:

- Que belo menino vejo ali, a dormir, sob aquela árvore! Se a boa-sorte o colocou no meu caminho, para que contrariar o Destino? Tenho o pressentimento de que poderei realizar agora o sonho admirável de minha vida! Vou levar aquele jovem para o palácio e fazê-lo meu herdeiro.

- Mas... Como é incerto e caprichoso o destino as criaturas!
Não! não despertarei agora - exclamou afinal.
- Seria uma crueldade arrancá-lo às delícias do sono. Voltarei depois.E assim seguiu o Rei a sua jornada.

Momentos depois, pela estrada silenciosa, passou a princesa, com suas aias e damas de companhias.

- Que lindo rapaz, vejo ali, a dormir, descuidado, sob a árvore! Tem, as feições admiráveis do noivo que sonhei para mim. Vou levá-lo, agora mesmo, para o palácio de meus pais e elegê-lo meu futuro marido. E aproximando-se do jovem adormecido, pensou:

- Mas... como é incerto e caprichoso o destino das criaturas!- Não! Seria impiedade despertá-lo agora! É bem possível que esteja sonhando
comigo! Voltarei depois, ao cair da tarde!

E assim a princesa continuou seu passeio.

Continuou o jovem pastorzinho a dormir sob a árvore, quando cruzou a estrada um dos bandidos mais perigosos da região. Ao deparar-se-lhe com o pastorzinho adormecido, o assassino encheu-se de ódio e furor. Em seus olhos brilhava a perversidade dos loucos furiosos.

- Que vejo! Um menino a dormir como um ébrio no caminho! Vou matá-lo, e é para já. Assim me vingo das perseguições que tenho sofrido da vida. E arrancando de um afiado punhal, aproximou-se pé ante pé do pobre pastorzinho.
- Mas... como é incerto e caprichoso o destino das criaturas! Não, resmungou, afinal.
- Não matarei agora! O sono não permitiria, por certo, que ele sentisse a morte. Voltarei mais tarde, e então, liquidaremos as nossas contas.

E assim se foi o bandido.
Reparai bem. Quantas vezes, em meio do turbilhão de nossa existência, não ficamos como o pastorzinho da lenda, adormecido à margem da grande estrada da vida?

E de nós também se aproximaram, em certos momentos, sem que pudéssemos perceber, a Fortuna, o Amor e a Morte?

(Minha Vida Querida - Malba Tahan)